Uma bagunça filosófica

Por Rovena Sayão e Colin Vieira

O clima do bar freqüentado pelos primeiros alunos da comunicação é descrito por eles como algo único. “Uma bagunça filosófica”, resume Lauro Afonso Faria, ex-frequentador assíduo enquanto estudava Jornalismo na UFF. Hoje, Lauro trabalha com o informativo da Incubadora de Empresas de Teleinformática do CEFET/RJ. A presença constante dos estudantes foi aos poucos mudando a cara do bar. “A gente era 'biriteiro', mas muito conscientes. Éramos extremamente atuantes nos assuntos ligados à universidade. Podíamos gostar de beber, mas estávamos sempre na aula. Até dormíamos no diretório se fosse necessário”, lembra José Sérgio Rocha, jornalista e escritor.



A relação entre os donos e alunos ultrapassou o profissionalismo. Transformou-se em carinho verdadeiro, descrita como uma amizade que misturava poesia, cerveja e muito amor. “Quando a UFF foi fechada pela repressão, nos reuníamos no Bar Natal. Em uma ocasião, seu Luís, um espanhol que nunca negou seu lado franquista, impediu a entrada da polícia. Ele argumentou ser aniversário de seu filho e pediu que a polícia não atrapalhasse a festa”, lembrou Mocca, um dos "fundadores" do bar e professor de publicidade da UFF. A esposa do seu Luís, dona Modesta, não queria demonstrações públicas de carinho no Bar Natal. Mesmo com todo o afeto pelos estudantes, ela não deixava que o alunos beijassem dentro do bar de seu marido. Em uma ocasião, expulsou uma aluna que namorava no corredor do banheiro - antes considerado lugar "seguro" para os beijos. Esse lado da mulher de seu Luís fez surgir uma frase bem-humorada: "Modesta a parte, o Bar Natal é excelente".

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