Por Savio Hermano
Como muitas universidades públicas brasileiras, o Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) é mais um campus que sofre com a falta de investimento do Estado. Ou de um investimento correto. O professor de fotografia da UFF e da UFRJ, Dante Gastaldoni, conta que há seis anos, quando já se desenhava a predominância da fotografia digital, o governo federal comprou uma quantidade exorbitante de câmeras de película para todas as universidades federais brasileiras. “Isso foi um crime! Eu não sei quem comprou, não sei o quanto se gastou. Mas eu sei que cada universidade federal desse país recebeu cerca de 250 a 300 mil dólares de equipamentos prestes a ficarem obsoletos”, conta Dante.
O IACS apresenta uma estrutura bastante razoável para fotografia em película, com laboratório para revelação, um bom númeor de câmeras de qualidade. Por outro lado, não tem computadores de fácil acesso adequados para a edição e tratamento de imagens. E num mercado que aponta cada vez mais para o digital, o filme e o material de revelação se encontram cada dia mais caros e menos eficientes.
Outro setor que também pede socorro é o laboratório (estúdio) de áudio. Construído na década de 70, originalmente era adequado para o que se propunha: suprir a necessidade do curso de Jornalismo em técnicas de locução para rádio. Hoje, com mais cursos no IACS, o estúdio tenta satisfazer a outras atividades para os cursos de Cinema, Publicidade e Produção Cultural, além de atender pessoas de fora do IACS que trabalham para a universidade e recebem apoio institucional.
As condições do estúdio não são das melhores. O isolamento acústico apresenta falhas, o som é captado pela mesa analógica e passado para um computador. Essa digitalização do som é feita assim há mais de 15 anos, pelo mesmo computador. Isso porque a UFF ainda não tem uma mesa digital. Segundo o técnico e operador do estúdio, José Lauro, há aproximadamente dez anos que o laboratório não passa por nenhum upgrade.
O mau uso dos equipamentos também é um problema alarmante. Algumas pessoas insistem em querer usar os equipamentos de estúdio em externas. A facilidade dos alunos em retirar o material não é refletida no cuidado que deveriam ter. As pessoas utilizam os equipamentos em externas sem a supervisão de um técnico. Dessa maneira, o cuidado com o material não é adequado e a qualidade do trabalho é prejudicada.
José Lauro reclama de ter de desmontar e montar os microfones (Sony C47) do estúdio todas as vezes que vai usar, danificando os circuitos e diminuindo o tempo de vida do aparelho. A professora de telejornalismo, Irene Cristina Gurgel, defende que o grande problema é a falta de um técnico profissional, que saiba como operar o material. “Como é que as pessoas conseguem manusear o material? O que está se fazendo é que as pessoas vão aprendendo na marra”, explica a professora. Para ela, falta um professor que ensine o manuseio das câmeras de filmagem da mesma forma que os professores de fotojornalismo ensinam o manuseio da fotografia de still. Falta professor de cinefotografia.
As câmeras de vídeo do IACS não estão em boas condições. Já são muito usadas, na maioria das vezes sem o cuidado adequado. Um exemplo é que, desde 2004, só fizeram manutenção nas câmeras de mini DV uma única vez, quando o ideal é que fosse feita todo ano.
Irene reclama ainda da falta de cuidado dos alunos que utilizam as câmeras. É fácil pegar uma câmera para gravar algum trabalho no final de semana, basta uma assinatura do professor. O problema é que quando as câmeras são devolvidas, elas não voltam como saíram. O departamento de Jornalismo conta com dez câmeras de mini DV e duas DV. Cada uma dessas câmeras tinha um microfone e um fone de ouvido. Hoje não se tem nenhum microfone desses acessórios. Além disso, todos os tripés estão quebrados e algumas câmeras perderam a tampa protetora da lente.
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