Roberto Castro, o Babau

Outro que freqüentava o mesmo bar era o professor Roberto Castro. Conhecido como Babau, ele foi o primeiro professor de fotografia para as turmas de cinema, publicidade e jornalismo. Babau conta que, na época, a faculdade não tinha equipamento nenhum e que aulas eram, muitas vezes, somente teóricas. "Mas como a fotografia precisava ser exercida, às vezes eu os levava para tirar fotos em Itaipú, claro que cada um com suas próprias máquinas. Às vezes, ficava muito difícil ensinar fotografia, com os alunos usando aquelas câmeras automáticas", conta Roberto.

Apesar da falta de material, existia muita vontade de fazer o curso funcionar, segundo Babau. "Na verdade, o bom de ensinar na UFF daquela época era a vontade das pessoas de ver o curso dar certo, a integração que o jornalismo tinha com a arte e, o mais importante, a ausência de burocracia para realizar alguma coisa na faculdade. Por isso, fazíamos muitos seminários e congressos interessantes, mesmo com as dificuldades de um país em governo ditatorial" conta Babau.

Como a faculdade de Comunicação Social era recém-nascida, não havia parâmetros para seguir, pois os mesmos estavam sendo estabelecidos. Sendo assim, muita gente interessante se dispunha a ajudar, ou seja, doavam-se um pouco para a faculdade de Comunicação da UFF. "Eu lembro do Gabeira ajudando a fazer um seminário de Comunicação e até de um show do Caetano Veloso na faculdade", lembra o professor.

A união dos alunos entre eles e com os professores de Comunicação era muito grande e necessária. "Na época da ditadura, o clima de atenção e resistência era sempre presente e, acho que por esses momentos de dificuldades, acabamos por estreitar as amizades. Sou amigo até hoje de muitos daquela turma", conta Babau.

Essas dificuldades acompanharam alunos e professores até o instante final de suas jornadas como estudantes da UFF. Romildo foi escolhido o orador na formatura de sua turma. Ou era para ser. "Na colação de grau, estava pronto para fazer meu discurso, estava com a folha com o discurso pronto na mão. Porém, instantes antes de subir ao palco, me chamam e arrancam o papel da minha mão. A minha turma não teve colação", desabafa ele. “Com medo de algum discurso subversivo, e com certeza era, eles (os militares) decidiram que seria melhor não haver a colação para evitar problemas”, conta Romildo.

Nenhum comentário: