Comunicação era movimento dos sem-teto

Por Alice Cordeiro

Veterano entre os quatro, João Batista se formou em 1975. Ele conta que na época em que ocupava as carteiras, a Comunicação funcionava no Instituto de Matemática, na Praia Vermelha, onde ambos os cursos dividiam o prédio. “Ocupávamos o quarto andar e o subsolo, onde ficavam algumas salas do curso de Cinema e o laboratório de fotografia”. Segundo João Batista, o casarão rosa sediava os cursos do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF). Quatro anos depois de ele concluir o curso, o ICHF ganhava um novo prédio, desta vez no Gragoatá. O Instituto de Arte e Comunicação Social herdou o prédio, que já apresentava alguns problemas estruturais.

Calouro de João Batista, Alceste Pinheiro se formou em 1978, época da transição para o “novo” prédio. Como a mudança aconteceu enquanto ele cursava os períodos finais, o professor tem poucas lembranças do Casarão daquela época. Formado em Cinema, Pinheiro conta que iniciou sua vida profissional muito cedo. Na época da transferência, ele já era contratado do jornal O Globo e circulava por lá com menor freqüencia.

A falta de um local fixo para os cursos e as reformas pelas quais o Casarão passou é parte importante na história do curso. Atualmente em obras, IACS nem sempre foi assim. Além das gerações de João Batista e de Alceste Pinheiro, que conviviam com a ausência de um prédio próprio, as turmas do início da década de 90 também sofreram com problemas estruturais. O professor de publicidade Adilson Cabral, formado em 1992, lembra que no lugar da praia existia uma quadra de esportes. No lugar da videoteca, havia um bar com sinuca e cerveja, que funcionou até 1991. “A parte de trás era no estilo do Casarão, mas foi mudada mais ou menos naquela época pelo professor José Maurício. A Cida da cantina vendia salgados numa cestinha, e o anexo do IACS sempre foi várias coisas e sempre caindo aos pedaços”, conta ele.



De acordo com Flávia Clemente, graduada em 1993, essas transformações fizeram com que sua geração peregrinasse por algum tempo entre os campus da universidade. “Nesta época demoliram a estrutura interna do Casarão, por isso tínhamos aula no Valonguinho, no Gragoatá e na Matemática. Éramos conhecidos como ‘Os sem casa’”, diverte-se.

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