Ping-Pong: Antônio Theodoro Magalhães Barros

Qual a sua opinião em relação à obrigatoriedade do diploma para jornalista?
Sou contra essa obrigatoriedade. Isso é coisa inventada pela ditadura. Se o cara tiver o mínimo de vocação e interesse, pode exercer a profissão. Uma pessoa formada em Direito, por exemplo, pode muito bem se tornar um jornalista competente sem necessariamente ter outra faculdade na área. Basta um curso ou a própria experiência da redação. Na França, por exemplo, isso não existe. Lá tem uma escola que se chama Escola Nacional de Jornalismo. Para entrar nela, o candidato tem que passar por uma avaliação, na qual é exigido, entre outras coisas, que o candidato seja formado em algum outro curso de nível superior. Isso é interessante porque ele já traz consigo uma formação e, durante dois anos, aprende Jornalismo. O curso exige também que se faça estágio durante o curso. Isso é fundamental.

Por que você acha o estágio fundamental?
Porque se o sujeito não tiver o mínimo de prática profissional, ele sai da faculdade sem saber nada. Aqui, eles não exigem o estágio durante a faculdade, o que eu acho errado. Isso acontece porque o sindicato usa o argumento de que os estudantes podem roubar as vagas dos profissionais nas redações. Ora, se um jornalista tiver medo de perder a vaga para um garoto é porque ele é um analfabeto.

Você falou sobre o papel da ditadura na questão da obrigatoriedade do diploma. Pode explicar melhor que relação é essa?
A imposição do diploma veio na época da ditadura. Os militares baixaram um ato exigindo o diploma para o jornalista. Havia dois interesses nessa história. O primeiro era dificultar a atuação de ex-políticos e outros profissionais cassados de escreverem em jornais. O outro foi puramente comercial, pois permitiu a proliferação de faculdades particulares que vendiam diploma. Essas faculdades inundaram o mercado de profissionais formados.

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